No post anterior, falamos sobre os benefícios do exercício sobre o TGI. Como prometido, neste post iremos abordar os efeitos maléficos que o exercício pode causar no TGI.
Em estudos realizados, foi constatado que exercícios que são predominantemente aeróbios e de longa duração, praticado comumente por triatletas, ciclistas e maratonistas, causam algum tipo de efeito ruim sobre o trato gastrintestinal. O cientistas dividem os sintomas em superiores (náuseas, vômitos e pirose retroesternal - azia) e inferiores (cólica abdominal, perda de apetite, sangramento, diarreia, aceleração dos movimentos intestinais e vontade de defecar).
Diversos fatores podem contribuir para que esses sintomas atinjam o TGI. Na verdade, podemos dizer que é multifatorial:
- redução do fluxo sanguíneo intestinal: o que dizem os cientistas, "isso ocorre devido a vasoconstrição do leito vascular esplâncnico pela ação das catecolaminas sobre alguns receptores e/ou da ativação do sistema renina-angiotensina pela hipovolemia induzida pelo exercício decorrente da desidratação". Agora, vamos dizer como ocorre... essa redução pode agravar até atingir níveis críticos. Sob condições de hipertemia, hipoglicemia, hipóxia (baixa concentração de oxigênio), desidratação, alterações da viscosidade sanguínea, eritrócitos agregados e deformados, ou pela combinação de todos esses fatores. Sabe-se que em repouso, 90% do fluxo sanguíneo para o intestino é dirigido para a mucosa. Em consequência dessa redução do fluxo durante o exercício, essa região se torna mais suscetível a ter alterações, pois a mucosa do TGI age como barreira para entre os meios externos e internos, para evitar a entrada de compostos antigênicos, carcinogênicos e tóxicos da luz intersticial. "Por outro lado, o comprometimento da mucosa pela redução do fluxo sanguíneo provocada pelo exercício aumenta a permeabilidade intestinal através das junções comunicantes (estruturas protéicas que permitem a passagem de íons e moléculas entre células justapostas). A passagem de compostos agressivos através das junções comunicantes estimula a migração de neutrófilos(48-52), que quando ativados disparam uma resposta imune local com geração de radicais livres e liberação de enzimas lisossomais, danificando ainda mais o epitélio intestinal(49,53). Essa seqüência de eventos contribui para potencializar o aumento da permeabilidade intestinal e da resposta inflamatória, ocasionando o desenvolvimento de sintomas gastrintestinais e, em alguns casos, até endotoxemia" (LIRA, Cláudio André Barbosa de.; VANCINI, Rodrigo Luiz.; SILVA, Antonio Carlos da.; NOUAILHETAS, Viviane Louise Andree. Effects of Physical Exercise on the Gastrointestinal Tract. Rev Bras Med Esporte- Volume 14, número 1- Janeiro/Fevereiro, 2008.).
Em estudos realizados, foi comprovada a existência de sangramento intestinal durante e após exercícios físicos de longa duração. É comum ver esse sintoma em ultramaratonistas, por exemplo. Isso ocorre por conta da diminuição de oxigênio ofertado e de um nível baixo de nutrientes, devido ao nível baixo de fluxo sanguíneo. Isso pode ocasionar desarranjo morfológico e funcional da mucosa e necrose de células gástricas, hepatócitos e células intestinais. Além disso, pode causar perda de ferro e anemia.
- Hormônios gastrintestinais: colecistocinina, peptídeo intestinal vasoativo (VIP), secretina, polipeptídeo pancreático, somatostatina, peptídeo histidina-metionina (PHM), peptídeo YY, peptídeo inibitório gástrico, gastrina, glucagon, motilina, catecolaminas, endorfinas e prostaglandinas, são hormônios associados com a função do TGI no repouso, são responsáveis pela secreção, absorção e motilidade, durante o exercício suas concentrações plasmáticas são alteradas e podem colaborar para o desenvolvimento de sintomas gastrintestinais. Um exemplo é a diarreia, que um dos fatores que a causa, é a liberação de alguns desses hormônios na corrente sanguínea durante o exercício exaustivo e, consequentemente, aumenta a secreção intestinal, causando a disenteria.
- Fatores mecânicos: quando a mucosa intestinal é friccionada e/ou distendida, ela libera VIP e prostaglandinas, o que causa um aumento da secreção intestinal e, consequentemente, a diarreia. Esse é um tipo de estimulação mecânica sobre o TGI produzida pelo impacto proporcionado pelo exercício físico que contribui para o desenvolvimento de sintomas gastrintestinais.
- Fatores psicológicos:em alguns estudos foi mostrado que o estresse emocional está relacionado a sintomas gastrintestinais. Houve demonstrações de que o estresse emocional diminui o tempo de trânsito orocecal e aumenta a atividade colônica (fatores relacionados à constipação). E em diversas situações, os sintomas gastrintestinais têm sido atribuídos a causas psicogênicas, tal como ansiedade e estresse emocional.
- Outras causas: dieta - ingestão de elevadas quantidade de vitamina C, comidas gordurosas, proteína, bebidas hipertônicas, alimentos ricos em fibras, e ingesta de uma alta quantidade de comida antes de competições, contribuem para o aparecimento de sintomas gastrintestinais; gênero - estudos mostraram que os sintomas gastrintestinais são comumente visto em mulheres, principalmente no período menstrual; idade - os atletas mais jovens e com menos experiência e adaptação ao treinamento, são mais propícios a terem sintomas gastrintestinais; estado de treinamento - indivíduos destreinados ou atletas que voltam depois de um longo período de inatividade, têm mais chances de apresentarem sintomas gastrintestinais, principalmente com treinamento de alta intensidade.
Segundo LIRA, Cláudio André Barbosa de.; VANCINI, Rodrigo Luiz.; SILVA, Antonio Carlos da.; NOUAILHETAS, Viviane Louise Andree. Effects of Physical Exercise on the Gastrointestinal Tract. Rev Bras Med Esporte- Volume 14, número 1- Janeiro/Fevereiro, 2008, algumas medidas podem otimizar a digestão e absorção dos alimentos durante o exercício e contribuir para a redução da ocorrência dos sintomas gastrintestinais:
1. Aumentar apropriadamente o volume e a intensidade do treinamento;
2. Planejar o regime de hidratação durante as sessões de treinamento
e a competição;
3. Evitar o consumo de soluções hipertônicas de carboidratos;
4. Evitar o consumo de dieta rica em fibras antes da competição;
5. Ingerir gorduras e proteínas com moderação antes da competição;
6. Evitar altas doses de vitamina C e bicarbonato;
7. Defecar e urinar antes do exercício;
8. Evitar o uso de drogas que atuem sobre o sistema gastrintestinal,
tais como os antiinflamatórios não esteroidais;
9. Realizar exame gastroenterológico, caso haja queixa freqüente
de sintomas gastrintestinais em repouso e durante o exercício.
Até o próximo post! :D
Referências:
- http://www.rgnutri.com.br/sp/dicas/fie.php
- http://fisioexesef.blogspot.com.br/2013/07/sistema-digestorio-ou-gastro-intestinal.html
- LIRA, Cláudio André Barbosa de.; VANCINI, Rodrigo Luiz.; SILVA, Antonio Carlos da.; NOUAILHETAS, Viviane Louise Andree. Effects of Physical Exercise on the Gastrointestinal Tract. Rev Bras Med Esporte- Volume 14, número 1- Janeiro/Fevereiro, 2008
Apesar de pouco explorado, o impacto do exercício sobre o TGI é uma área de grande interesse.
ResponderExcluirTrabalhos afirmam que de 20 a 50% da população que pratica exercícios de longa duração apresenta ao menos um sintoma. E, assim como no post, pode-se dividir em superiores e inferiores.
A causa dos sintomas gastrointestinais durante o exercício é multifatorial e inclui: estresse mecânico sobre o trato gastrintestinal, a desidratação, o sexo (mais comum em mulheres), dieta e nível de treinamento de alta intensidade.
Bela postagem, parabéns.
Ótimas as informações sobre os malefícios de exercícios físicos de longa duração sobre o TGI, os fatores que podem contribuir, ocorrer ou causar complicações durante ou após determinados exercícios.Vale ressaltar que o tônus parassimpático durante o exercício moderado pode aumentar o trânsito intestinal por estimular a contração da musculatura lisa intestinal, o que contraria essa teoria, é o fato de sintomas gastrintestinais serem prevalentes em exercícios aeróbios e intensos, onde o tônus simpático é dominante, causando o relaxamento da musculatura lisa.
ResponderExcluirParabéns ao blog !!
Como foi mostrado no post, o exercício físico pode ser benéfico ou prejudicial para o TGI, dependendo da intensidade do exercício e da saúde do indivíduo, por isso é imprescindível que todos os tipos de atividade física sejam prescritas e acompanhadas por um profissional da educação física, pois, dos nove meios que otimizam a digestão e absorção dos alimentos durante o exercício e contribuem para a redução da ocorrência dos sintomas gastrintestinais mostrados no post, quase todos são da responsabilidade e planejamento do educador físico.
ResponderExcluirAtividades físicas de alta intensidade principalmente aeróbias, de alta intensidade e de longa duração causam alguns impactos no TGI, que podem apresentar sintomas mais graves considerados superiores como náuseas, vômitos e menos graves com perca do apetite e cólica abdominal causado por diversas condições físicas e diversos fatores como o preparo físico do individuo e a sua dieta que deve ser adequada para que haja uma diminuição ou o não aparecimento dos sintomas durante e depois dessas atividades trazendo bem estar, bom funcionamento dos sistemas proporcionando uma maior e melhor qualidade de vida.
ResponderExcluirparabéns pela postagem!
Não é de hoje que ouvimos falar que esporte de alto rendimento anda em paralelo com a saúde, sim é de nossa responsabilidade prescrever treinamentos para atletas que aumente sua capacidade física para competições, porem mais frequentemente em mulheres esses treinamentos causam problemas no TGI, até por o organismo da mulher ser mais sensível que o do homem. Quando se faz exercício de alto rendimento, o corpo humano é levado ao extremos funcionamento de suas funções para adquirir melhor performance e isso tem suas consequências, como sangramento, náuseas, vômitos e cólicas. estes sintomas são mais frequentes em indivíduos com pouco ou nenhum período de adaptação, como ex atletas por exemplo.
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ResponderExcluirO efeito do exercício sobre a fisiologia humana tem recebido muita atenção nas últimas décadas, mas o TGI tem sido negligenciado. O exercício produz uma variedade de efeitos sobre o TGI que podem ter impacto negativo e/ou positivo. Neste contexto, diversos mecanismos são postulados para explicar os efeitos maléficos e benéficos do exercício sobre o TGI, tais como, a diminuição do fluxo sanguíneo intestinal, o estresse mecânico, a desidratação, a mudança no tempo de trânsito intestinal e a modulação do eixo neuro-imuno-endócrino. A combinação desses mecanismos, portanto, pode explicar os potenciais efeitos do exercício sobre o TGI e, desse modo, contribuir para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas para minimizar possíveis efeitos deletérios e/ou atuar como adjuvante no tratamento de indivíduos com doenças gastrintestinais.
ResponderExcluirEstá claro, pelo que ja podemos ler nas postagens que existem malefícios e benefícios que a atividade física pode trazer ao TGI, nesse post a ênfase foi explanar sobre os malefícios, que são causados por vários fatores como a vasoconstrição no TGI durante o exercício(resultado da vasodilatação nos vasos que irrigam o músculo esquelético durante o exercício, entre outros fatores. Queria focar em defender a atividade física e deixar meu ponto de vista quanto a isso. Tudo é uma questão de quantidade, de intensidade e volume, a relação do estímulo e a resposta dada pelo corpo a esse estímulo é a chave para entendermos a relação de mal ou bem que o exercício pode trazer ao TGI (e ao corpo como um todo). Foi muito bem citado no post que os efeitos maleficos da atividade fisica ao TGI são apresentados em indivíduos que praticam um volume muito grande de atividade física, MAratonistas, Triatletas,Ciclistas etc etc etc, que pelo volume de atividade física que praticam chegam a promover um sangramento no TGI por conta da falta de irrigação (transporte de nutrientes e oxigênio) no mesmo(pelos motivos que eu já falei, vasoconstrição). Praticada no volume correto, na intensidade correta, em outras palavras, praticada não a nível de atleta, a atividade física pode prevenir várias doenças do TGI, inclusive doenças crônicas como o câncer. A atividade física praticada de forma correta facilita o peristaltismo, minimiza os sintomas da sindrome do intestino irritável, a atividade física melhora o tônus muscular da pelve como um todo, facilitando a eliminação das fezes, enfim, são vários os benefícios, isso, se observarmos a intensidade e o volume da atividade.
ResponderExcluirO exercício físico não deve ser encarado como maléfico, os sintomas apresentados são sinais de que o corpo está afetado patologicamente por algum agente externo.
ResponderExcluirÉ muito importante observar o aparecimento desses sintomas pois algumas doenças apresentam tais sintomas como câncer, apendicite ,gastroenterite e etc.
Como foi abordado em matérias anteriores, e também como sabemos que tudo em excesso ou falta demasiada provoca efeitos indesejáveis no organismo do ser humano. E com o exercício físico, que algo tão benéfico, não poderia ser diferente. Os benefícios sobre o TGI provêm de inúmeros fatores como, por exemplo, diminuição do fluxo sanguíneo para o intestino, alterações da motilidade do cólon, entre outros. Mas, pesquisas mostram que praticantes de atividade física aeróbica de longa duração sentem efeitos colaterais dessa atividade no seu organismo, como, por exemplo, vômito, diarreia, aumento da produção de radicais livres, esse ultimo traz como consequência o aumento dos danos oxidativos ao DNA. Para que isso não ocorra e necessário uma dosagem apropriada entre intensidade e volume, e o acompanhamento de um profissional qualificado para a prescrição de treinos torna-se indispensável para a distinção dos dois efeitos.
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ResponderExcluirComo podemos observar na postagem, os exercícios de alta intensidade podem levar o indivíduo ter sintomas gastrointestinais decorrente de alguns motivos como a vasoconstrição que pode causar a redução do fluxo sanguíneo intestinal, também pelo fator hormonal de VIP, o PHM, a gastrina e motilina que são liberados durantes uma seção de atividade física intensa, diminuem a absorção de íons de sódio e aumentam o conteúdo intestinal promovendo diarreia, entre outros fatores.
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